
De acordo com o Instituto Trata Brasil, mais de 32 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada e quase 90 milhões não contam com coleta de esgoto, resultando em milhares de internações anuais por doenças de veiculação hídrica.
Mesmo onde existe tratamento, um risco silencioso persiste. Muitas Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) no país removem a sujeira visível, mas devolvem aos rios uma água ainda contaminada por microrganismos causadores de doenças. Isso acontece pela ausência de uma etapa final e crítica: a desinfecção de efluentes.
A diferença entre um efluente apenas tratado e um efluente desinfectado é a diferença entre a aparência de limpeza e a garantia de segurança para a saúde pública.
O que é desinfecção de efluentes?
As etapas primária e secundária de uma ETE, como a decantação e o tratamento em reatores aeróbios, são projetadas para remover sólidos e matéria orgânica dissolvida, reduzindo a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). O resultado é uma água visualmente clara. No entanto, o objetivo desses processos não é eliminar microrganismos.
A desinfecção de efluentes sanitários é uma etapa terciária, com um alvo específico: inativar ou destruir os patógenos (bactérias, vírus e protozoários) que sobreviveram aos estágios anteriores.
É um processo de higienização que eleva o padrão do tratamento, focando na segurança microbiológica do efluente final antes de seu contato com o meio ambiente e, consequentemente, com as pessoas.
O papel da desinfecção de efluentes em ETEs
A importância da desinfecção de esgoto é uma questão de saúde pública e responsabilidade ambiental. Ignorá-la cria uma falsa sensação de segurança e perpetua riscos.
Proteção direta da saúde pública
O descarte de efluentes não desinfectados lança nos rios e mares agentes causadores de doenças graves como hepatite A, cólera, febre tifoide, giardíase e diversas gastroenterites. Quando essa água é utilizada para irrigação de hortaliças, recreação ou mesmo quando contamina poços e lençóis freáticos, o ciclo de contaminação se fecha, resultando em surtos que afetam comunidades e sobrecarregam o sistema de saúde.
Preservação de ecossistemas aquáticos
A contaminação não afeta apenas humanos. Altas concentrações de bactérias do grupo coliforme, como a Escherichia coli, são um forte indicador de poluição fecal e podem causar a mortandade em massa de peixes, além de contaminar moluscos e crustáceos, impactando toda a cadeia alimentar e a atividade pesqueira local.
Segurança para atividades econômicas e de lazer
A balneabilidade de praias, rios e represas depende diretamente da ausência de contaminação microbiológica. A descarga de efluentes não desinfectados pode levar à interdição desses locais, com prejuízos diretos para o turismo, esportes náuticos e o bem-estar da população.
Viabilização do reuso seguro da água
Em um cenário de escassez hídrica e custos crescentes, o reuso de água é uma estratégia inteligente. Contudo, para que a água tratada possa ser usada com segurança em aplicações como irrigação paisagística, lavagem de pátios ou em torres de resfriamento industriais, a desinfecção é uma etapa indispensável e, na maioria dos casos, uma exigência legal para garantir a segurança de operadores e produtos.
Métodos comuns de desinfecção: cloração vs. radiação UV
Embora existam várias tecnologias, duas são predominantes em ETEs, cada uma com suas particularidades.
Cloração
É o método químico mais tradicional. Consiste na dosagem controlada de um agente à base de cloro, como o hipoclorito de sódio, no efluente. O cloro atua como um poderoso oxidante que rompe a parede celular dos microrganismos, levando à sua destruição.
Radiação ultravioleta (UV)
É um processo físico. O efluente passa por uma câmara onde lâmpadas especiais emitem luz UV-C. Essa radiação penetra nos microrganismos e danifica seu DNA/RNA, impedindo que se reproduzam. Eles podem continuar vivos, mas se tornam inofensivos, pois perdem a capacidade de causar infecções.
Tabela Comparativa Aprofundada:
| Característica | Cloração | Radiação Ultravioleta (UV) |
| Mecanismo | Químico (destruição celular) | Físico (dano genético) |
| Vantagens | Baixo custo inicial, alta eficiência, efeito residual (protege contra recontaminação) | Não gera subprodutos tóxicos, eficaz contra protozoários resistentes ao cloro (ex: Cryptosporidium) |
| Desvantagens | Pode gerar subprodutos (trihalometanos), risco no manuseio do químico, eficiência reduzida por pH | Sem efeito residual, eficiência reduzida por alta turbidez da água, custo inicial mais alto |
| Ideal para | Sistemas que precisam de uma barreira de proteção residual na rede de descarte | Efluentes de alta qualidade, locais com restrições ao uso de químicos, reuso nobre |
A cloração no tratamento de efluentes: por que é tão utilizada?
A ampla utilização da cloração no Brasil deve-se à sua robustez, baixo custo de implantação e, principalmente, ao seu “efeito residual”.
Após a aplicação, uma pequena concentração de cloro permanece ativa na água, atuando como uma barreira de segurança contra eventuais recontaminações na tubulação de descarte até o ponto de lançamento.
Para garantir sua eficácia, o processo exige um tanque de contato, que proporciona um tempo mínimo (geralmente 20-30 minutos) para que o cloro reaja e elimine os patógenos antes do descarte do efluente no corpo receptor.
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A solução completa com desinfecção integrada
Diante da clara e inquestionável importância da desinfecção, um projeto de ETE verdadeiramente responsável não pode mais tratar esta etapa como um mero “opcional”. É uma questão de engenharia consciente e de saúde pública.
A Minitrat internalizou essa filosofia em seus projetos. Nossos sistemas são concebidos para oferecer um tratamento completo e seguro. A etapa de desinfecção por cloração pode ser facilmente adicionada aos sistemas Minitrat, com um tanque de contato integrado e um sistema de dosagem preciso. Essa abordagem garante que o efluente final não apenas cumpra a legislação de remoção de matéria orgânica, mas também atenda aos rigorosos padrões de segurança microbiológica.
Ao fazer isso, protegemos não apenas o investimento do nosso cliente, mas a saúde da comunidade e a integridade do meio ambiente.
